sexta-feira, 19 de março de 2010

Projeto “Pais e Filhos Alfabetizados” ganha apoio da Polícia Civil - Acre


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Sex, 11 de Setembro de 2009 22:37
Pedro Paulo
altUma parceria entre a Secretaria de Estado da Polícia Civil (SEPC) e a escola estadual Georgete Eluan Kalume, localizada na Avenida Epaminodas Jacome, bairro Cadeia Velha, possibilitou a renovação da carteira de identidade de várias pessoas da comunidade que carregavam em suas cédulas de Registro Geral (RG), a frase: não alfabetizado.

“A Polícia Civil tem uma missão especifica: investigar de maneira célere e eficiente crimes diversos. Porém, um de seus princípios é promover cidadania. Essa é também uma ação de inclusão social”, destacou o secretário da PC, Emylson Farias, durante a cerimônia ocorrida, nesta sexta-feira (11), na sede da escola.

Conforme o chefe de polícia do Acre, a iniciativa da direção da escola Georgete Eluan Kalume é nobre e merece todo respeito. Emylson Farias fez questão de participar do ato de renovação das identidades dos alunos.

Depois de cumprimentar os servidores do setor de identificação, alunos e toda direção da escola o secretário da Polícia Civil prometeu aos estudantes do colégio, menores de idade, a primeira identidade. “Ao proporcionar esse documento de graça, o governo oferece segurança e cidadania e facilita na entrega dos educandos aos responsáveis na saída da escola”, completou Emylson.

O projeto já beneficiou 58 pessoas comprovadamente humildes que não tiveram a chance de estudar quando criança, que, somente agora com o serviço voluntariado dos professores da escola Georgete Eluan Kalume aprenderam ler e a escrever.

Tudo começou há seis meses, quando os educadores perceberam um grande índice de crianças retidas (fora da idade escolar) e o baixo desempenho de alguns alunos do colégio e até evasão. Em reunião interna, na secretaria da escola, os professores constataram que o problema estava ligado aos pais que sem saber ler não tinham como acompanhar os filhos nas disciplinas diversas.

Foi quando nasceu à idéia de estender o conhecimento aos pais e aos vós dos estudantes. Hoje, já são 34 os pais alfabetizados pelo trabalho desenvolvido na escola, graça ao voluntariado dos educadores do colégio Georgete Eluan Kalume.

Além de alfabetizar, os alunos idosos, foram inseridos em cursos profissionalizantes. Entre os quais a produção artesanal de bombons, tiaras, brochos e colares. Possibilitando com isso, aumentar a renda familiar dos alunos, principalmente pelo desempenho das mulheres.

Para ampliar a tarefa social a escola tem buscado outras parcerias, que resultaram na doação de material didático, fardamento e alimentação. Um dos principais parceiros é o Movimento de Alfabetização (Mova).

Duas empresas privadas também abraçaram a causa, levada a efeito pelo corpo docente da escola Georgete Eluan Kalume.  Essas parcerias produziram mais um benefício social: o casamento coletivo dos alunos, marcado para o próximo dia 19 de setembro.

“Estamos ansiosos com a possibilidade de implementar o atendimento a comunidade oferecendo uma cesta básica, denominada cesta verde, que já atende centenas de famílias em todo Brasil, pelo Programa Fome Zero, do governo federal, que estamos pleiteando junto a Prefeitura”, disse a professora Nilva Souza de Lima, diretora da escola .

A diretora acrescentou ainda a meta da escola é alcançar 100% dos analfabetos da comunidade, ainda que não sejam pais de alunos da escola. Conforme Nilva Lima, se trata de um esforço de todos os funcionários da escola da rede pública de ensino do Acre.

Uma forma de provar essa vontade de alfabetizar segundo ela, esta na servidora Maria do Carmo, que trabalha no período da manhã e a noite vaia para o colégio Georgete Eluan Kalume cuidar dos filhos dos alunos de idade, que são obrigados acompanhar os pais que alegam não ter com quem deixá-los em casa.

altGRATIDÃO - Aos 60 anos Raimunda Alves Paixão, disse que ser alfabetizada e ter uma identidade com sua assinatura é um dos momentos mais alegres de sua vida. “Eu pegava o ônibus errado, não sabia ler o nome da linha de destino, agora a escola mudou minha vida para melhor”, destacou Raimunda Paixão.

“Antes de aprender a ler era como se eu fosse cega. Meu filho pedia orientação e como eu não sabia ler o que estava escrito em seu caderno, nada podia fazer. Hoje faço parte de três gerações que estuda na mesma escola. É eu, meu filho e meu neto”, comemora a estudante.

Raimunda conta que uma das coisas difíceis pelas quais ela passou na vida foi pedir que estranhos fizessem a leitura de cartas de parentes que recebia e muitas vezes tinha sua intimidade reveladas para terceiros, pelo fato de não saber ler. “Cheguei a esperar até três dias para saber o que estava escrito, nas cartas que recebia”, disse.
 
Extraído do site:
http://www.pc.ac.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=111&Itemid=29

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